Por Thalia de Sousa Pereira
Nos primórdios da humanidade, nós começamos definindo o espaço com as formas curvas e orgânicas, ao longo dos anos, ao mesmo tempo que fomos deixando a natureza de lado, passamos também a construir com formas retas e angulosas, formas visualmente difíceis de encontrar na natureza. A relação agora com o espaço é torná-lo uma extensão de si mesmo, como seres que aceitam a sua versão mais pura.
Acolhimento e aconchego são necessidades instintivas do ser humano, elas possuem grande importância não apenas no campo das relações familiares e interpessoais, mas também na do individuo com o espaço onde vive. Conforme a pandemia da COVID-19 avança, notar, sentir e perceber como o espaço impacta o seu ânimo, incluindo no trabalho e nos estudos, traz aos novos arquitetos a missão de transmitir em seus projetos trabalhos cada vez mais conceituais, rebuscando as formas curvas da natureza.
„O espaço influencia constantemente na mente humana, ao passo que estamos a todo momento trocando experiências multissensoriais com ele. Creio que o papel do arquiteto é intensificar a conexão com o meio natural além de guardar a essência e personalidade de cada cliente para que ele se sinta calmo, relaxado e pertencente a um local valioso, ele mesmo.” _ Arquiteta Thalia Sousa
Qual o poder das curvas na Arquitetura?
As curvas na Arquitetura além de levar mais leveza, movimento e integração sem deixar de lado a beleza e a sofisticação atuam de forma positiva emocionalmente na psique humana. Moshe Bar, neurocientista que atua junto à Escola de Medicina de Harvard comprovou em uma de suas pesquisas que quando visualizamos elementos e terminações retas a amídala é fortemente ativada, o que influencia diretamente na sensação de medo, perigo e ansiedade, isso porque objetos afiados tendem a ser uma ameaça.
Oshin Vartanian, psicólogo que trabalha junto a Universidade de Toronto ao conduzir uma série de pesquisas sobre a influência das formas curvas e lineares no cérebro humano mediante tomografias, descobriu que a afeição humana pelas curvas pouco tem a ver com algum gosto pessoal, trata-se de um traço neurológico tanto feminino quanto masculino. Identificou também que quando as pessoas miravam às formas curvas, aparecia intensa atividade na área do cérebro chamada córtex cingulado anterior, o que não acontecia com imagens retas. Tal fatia é responsável por diversas funções cognitivas, mas a principal delas é o envolvimento emocional quanto à criatividade, às lembranças, diminuição da pressão sanguínea e outros.
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Parece que Steve Jobs estava certo em apostar todas as suas fichas – ou quase todas elas – no design. Mais do que agradar, as curvas conseguem atingir o usuário num nível emocional, e essa utilização é essencial em espaços comerciais por criar um vínculo afetivo com seus clientes. A área da saúde também não fica de fora. Conforme uma síntese da revisão integrativa quantitativa sobre a inserção da Biofilia (design que segue o princípio de conectar humanos com a natureza para melhorar o bem-estar) no ambiente hospitalar demonstrou que houve uma melhora significativa na psique de seus pacientes, na socialização, na mobilidade e principalmente numa redução de uso em mais de 25% do uso de medicamentos.
E como funciona a estrutura na construção com as curvas?
Parece que a natureza quer ainda mais enfatizar sua inteligência em suas formas. As formas curvas Segundo Tsui (1999: 38-39), são mais econômicas, pois possuem menos peso e são mais fáceis de erigir. Tem-se como exemplo os aviões e navios que por terem que lidar com grande quantidade de tensões por toda a superfície sem que possam quebrar, utilizam a forma curva para dissipar essas tensões, bem como as janelas e as vigias que são arredondadas para impedir a propagação de fissuras. Tal método esteve na natureza por milênios em muitos dos organismos, desde os ossos à separação dos ramos das árvores.
A forma curvilínea na edificação tende ainda a lidar de forma harmoniosa com os ventos e a água, pois as forças de pressão são menores, sendo uma forma ideal para regiões com tendência a tsunamis.
Quer dizer que eu tenho que adotar um design totalmente curvo?
É evidente que esses estudos demonstram percepções positivas quanto às curvas na arquitetura, mas é importante lembrar que não precisamos utilizá-las como um parecer absoluto, pois há pessoas que se sentem representadas com as linhas retas. Nem toda comparação deve ser reto versus curva, afinal o que seria de uma curva sem uma boa reta. Vale lembrar também que podemos utilizar a curva em pontos estratégicos com os estudos bioclimáticos, com um bom programa de necessidades e muitos outros.
Nós da Fysis Arquitetura acreditamos que a forma deve ser aplicada conforme o cliente se sinta representado, mas implementar elementos numa linha de design orgânica integrada a natureza como demonstra as pesquisas só tende a salientar a nossa saúde, portanto se você busca um design sensorial para ter saúde e bem-estar procure empresas e profissionais especializados que seguem a linha biofílica, biomimética e neuroarquitetura.
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